Falar de sexualidade sempre foi
um tabu em épocas antigas, mas também nos dias de hoje, ainda mais quando
tratamos da sexualidade de crianças especiais.
O maior medo, dos responsáveis,
em falar de educação sexual é o fato de estimular algo que, para eles, está
adormecido. Enganam-se, pois quem trabalha diariamente com essas crianças sabe
que a sexualidade em crianças especiais existe e cada vez mais se torna
aflorada. Acredito que eles também saibam disso, mas o medo é tão grande que
preferem acreditar que ou os filhos são seres assexuados ou que a sexualidade
dorme o sono de um urso no inverno. Mesmo porque, não seria muito mais difícil
educar falando-se de sexo abertamente do que deixar isso esquecido? Ou ainda,
deixar que a mídia se encarregue de falar sobre esse assunto que ainda é um
tabu.
A mídia, as novelas e programas
de televisão se encarregam de tornar algo inocente em algo sensual e torna o
sexo algo acessível. Porém nesses programas não ensinam sobre educação sexual e
com isso essas crianças e jovens acabam por se sentirem “estimuladas”.
Resultado disso pode ser observado em instituições que atendem crianças e
jovens especiais, pois elas não falam em outra coisa se não em namoro,
casamento, masturbação e sexo. Não de forma maliciosa, percebe-se que é algo
inocente ainda, o fato é que se tocam sem saber ou entender o porquê. Cedo ou
tarde a vontade ou o desejo de tocar-se vai fazer com que a criança ou
adolescente pense sim em fazer coisas que vêem na televisão.
O que os pais e responsáveis
precisam entender é que independente da deficiência, seus filhos sentem desejos
e ficam excitados, pois é algo fisiológico. Logo precisam ter consciência de é
mais que necessário que haja uma educação sexual, é preciso falar de sexo para
prevenir problemas futuros como: se tocar em locais públicos, gravidez, e até
mesmo seria uma prevenção contra o abuso sexual.
“Pensando-se o deficiente mental, ou
continuamos pensando-o como alguém sem condições de vida, devendo, portanto,
ser restringido ao mesmo modelo de atendimento da Idade Média, ou tentamos
pensá-lo de acordo com o nosso discurso de integração e normalização, e aí
teremos que, obrigatoriamente, rever a nossa atitude diante de sua sexualidade.
Não de forma leviana e romântica, mas de forma a lhe possibilitar condições de
vida digna dentro de suas próprias limitações”.
É realmente muito mais cômodo
deixar que a sociedade e a mídia se encarreguem dessa tal educação sexual de
seus filhos, sejam estes com ou sem deficiência. Mas deixar que isso aconteça
não é educar e sim negligenciar uma educação correta e que deve ser realizada
de pais (pai e mãe) para filhos (as).
Katia Kadota
Bibliografia: Sprovieri, M.H; Assumpção Júnior, F.B. Deficiência Mental, família e sexualidade. São Paulo: Memnom, 1993.