
Há muitos anos cultivo um jardim.
Já digo que não sou tão boa jardineira, pois nem sempre minhas sementes nascem, ou se nascem nem sempre crescem e florescem.
Nem sempre sei a melhor hora de plantar e de trocar as mudas ou de podar.
Quantas vezes apanhei frutos ainda verdes na ânsia de provar do fruto do meu trabalho, e tantas vezes deixei apodrecer e não aproveitei para saborear o sabor doce da fruta tão ali ao meu alcance.
Quantas vezes por vaidade permiti em meu jardim pessoas que sem nenhum cuidado arrancaram e pisaram em minhas flores.
Quantas vezes abandonei o cultivo do meu jardim pra cuidar do jardim do outro, enquanto o meu morria.
Quantas vezes deixei o sol, o vento e chuva destruírem sem nada fazer.
Quanta dor e raiva senti quando espetei meus dedos no espinho e me esqueci que talvez não estivesse preparada para ver a beleza do momento.
Quantas cercas pus em volta com medo de alguém maltratar meu jardim, mas com isso quantos deixaram de ver sua beleza.
Quantas flores nomeei e dei de presente– flor da amizade, flor da felicidade, flor da paz, flor do amor, flor da paixão, flor da família, flor das realizações, quantas flores me devolveram, e com outros nomes, flor da magoa, flor da tristeza, flor da guerra, flor do ódio, flor da desilusão, flor da separação, flor das frustrações...e pensei pra que continuar? Pra que cuidar desse jardim?
E me vem à resposta a natureza nunca desiste, todo dia sem parar ela faz o seu papel, mesmo que tudo seja desfavorável ela segue o seu ritmo.
Não sou boa jardineira, estou aprendendo, mesmo que tudo seja desfavorável eu vou seguir o meu ritmo.
Anônimo